Ando conversando comigo como quem quer descobrir-se, ou ao menos entender um turbilhão de sentimentos que residem em mim. Como são muitos e alguns até mesmo incoerentes e absolutamente impraticáveis, procuro seleciona-los... Arquivando alguns, eliminando outros.
É um processo moroso que requer solidão, paciência e compaixão. Solidão, para perceber-se, ouvindo até mesmo os compassos do coração que, às vezes, parece saltar do peito, outras quase não se percebem o fluxo. Paciência, para discernir o que é possível, o que é desejável e o que, para ser possível, é preciso romper paradigmas e padrões, abalar estruturas e recomeçar. Compaixão, para perdoar-me os erros e perceber-me como ser humano.
Ando descobrindo que levei a sério demais o meu compromisso e responsabilidade com outro, esquecendo-me de mim. Não que doar-se seja ruim, é realmente a minha essência, mas, como é possível amar sem amar-se, traduzir felicidade a alguém, se a mesma não residir em meu coração?
Busco caminhos, sem pressa de encontrá-los. Sem as ilusões de ontem, mais viva, mais mulher! Meus olhos já não enxergam só o que querem, a realidade tornou-se forte e me parece que existem algumas partes sólidas nos sentimentos frágeis que antes libertavam meus impulsos. Ao mesmo tempo, há um vazio inexplicável onde antes só existia paixão.
Ando só... como jamais estive, embora rodeada de pessoas. Há um silêncio em mim, que não me culpa por assim estar e, nele me entrego, na certeza que quando passar, estarei íntegra, inteira e feliz!