Chove lá fora e o barulho que escuto seria o mesmo que sairia de mim se lágrimas tivessem som. Há na chuva conceitos que permeiam a vida. Causam destruição quando excessivamente caem, trazem a renovação, a germinação e a história!
Lá fora, posso sentir a dor de quem por ela sofreu e a alegria da natureza que já a esperava. Dentro de mim, a vida pede renovação e a dor ainda insiste em estacionar sentimentos que de tão reprimidos e negados têm a força de intensas tempestades que não deixariam pedra sobre pedra.
Há lá fora o que ainda me falta. O grito, o basta, a liberdade dos pássaros que se recolhem, mas não sem vida, sem a esperança, sem a certeza que o dia de amanhã virá o renascer, o Sol.
Há a nostalgia de não ter dito somente o necessário, de não ter separado delicadamente os sentimentos que tão bem conhecia, de não ter deixado ao acaso os que não me seriam valiosos, de não ter me permitido amar como se demanda a vida.