Adormecidos ficaram todas as ilusões da infância.
E quais seriam esses devaneios
Senão o desejo de felicidade?
Eram poucos, porque pouco conhecia.
Acreditava em uma alegria descomplicada
Onde o material residia em outro plano.
A ventura?
Descoberta de novas brincadeiras.
Amigos e travessuras
Um mundo tão próprio
Que merecia ser personalizado.
Era despertar, descobrindo.
Adormecer, imaginando.
Viver, brincando!
Brincando de sentir.
Brincando de esperar.
Brincando com as dores que não percebia.
E crescia...
O jogo, a boneca, a pipa.
Mas, o mundo pedia:
Cresça!
E sonhava...
Como se desejasse adolescer
Presumindo não enrijecer a alma.
Quando criança não havia tempo,
Nem drama, nem trama.
Era o sentir, Ser...
O dizer espontânea e simplesmente.
O que sente...
E vem a vida...
Implacavelmente desperta.
As lágrimas já não encontram colo.
As dores passam a ser intensas.
As ilusões...
Essas, quando se dá conta...
Perdem-se em meio o tumulto diário.
Adormece a criança...
Torna-se cético.
Esquece-se de sonhar.
E, se consente...
Lá se vai à vida!
O que é simples,
Torna-se inatingível.
Dispõe-se a correr atrás do nada.
No espelho, implacável...
Lá está outra pessoa.
Procura a criança, a lembrança.
A face leve, o sorriso natural
O reflexo pronuncia que deixou ao acaso
O que de melhor possuía.
O tempo conduz as recordações
E passados os anos...
Talvez, possa envelhecer rejuvenescendo.
Permitindo-se sonhos.
Sem lástimas.
Deixando-se Ser
Pura e simplesmente...
O que um dia fora essência!
Marcado, sim...
No entanto, feliz!
Permitindo-se viver!