Cansados de dizer o óbvio, nos tornamos repetitivos, as palavras começam a ecoar somente em nossos próprios ouvidos e, fica enfadonho aquilo que um dia era amor. Não é que se queira muito, normalmente, o que se deseja é o básico, o mínimo. Mas, quando há ausência de diálogo, quando um não é capaz de atenuar ou atender prioridades comuns, a distância vai aumentando de tal forma que se torna barreira intransponível, Não é que se desista instantaneamente, é processo de rompimento longo, envolvendo tentativas inúmeras de reconciliação. Ouvir e ponderar o que o outro deseja, talvez seja nossa maior dificuldade. Nem cogito que o outro sempre tenha razão, pode ser até mesmo que não, mas, que indivíduo não gosta de ver que o companheiro (a), mais próximo e, portanto, imprescindível, levou em consideração suas ponderações e argumentos? O penoso é constatar que as palavras soam como livros mal lidos, nenhuma só vírgula é relevante, nenhuma atitude empreendida e, se a vida é a dois, assim não deveria ser. Partilhar com o outro nossos anseios é aguardar pequenas atitudes renovadas, quando isso não acontece, criamos barreiras intransponíveis. Relacionar-se não é tão complexo quanto se pensa para quem consegue enxergar a importância da palavra, do sentimento, das atitudes inúmeras de regaste da relação através do diálogo que muita das vezes é apenas monólogo. Não precisamos, nem devemos nos moldar ao outro, mas, se convivemos lado a lado com alguém, deveríamos no mínimo, ouvir e verbalizar o que pensamos. Uma atitude madura e inteligente de encontrar caminhos que possam ser trilhados de forma diferente, porque assim somos, mas, ao mesmo tempo com a percepção de estar ao lado, senão de mãos dadas, ao menos ao lado. Quando as palavras já não fazem nenhum sentido e, o outro continua a agir e viver como se nada mais existisse, quem fica à distância, percebe claramente que se encontra em um caminho sem volta. A falência de uma relação é resultado da inconsistência de objetivos, se não comuns, ao menos próximos. Depois que o desgaste determina o afastamento muito pouco, ou quase nada pode ser feito. O mínimo seria tentar manter uma atitude de respeito mútuo e, mesmo que distante, possibilitar que ambos caminhem. O fato é que muitas das vezes, quando pessoas extremamente voltadas para si percebem, tardiamente, que perderam suas relações de afetividade adotam posturas desequilibradas e buscam recobrar sentimentos que se consumiram em atos impensados, omissões e palavras indevidas.
Wanderlúcia Welerson Sott
Enviado por Wanderlúcia Welerson Sott em 22/10/2011