"No mito de Psique e Eros, Psique não se dá conta do profundo erro que comete quando tenta "ver" o verdadeiro Amor, em vez de "confiar" nele." Clarissa Pinkola Estés
Meu Diário
22/02/2011 08h37
Manuais de instrução afetiva

Alguém poderia me informar por que já não nascemos com manuais de instrução afetiva? Ou, no mínimo, alguma indicação do caminho a seguir. Vivemos ladeados por um misto de emoções que nos direcionam a ansiedade.

Vendamos os nossos olhos às inúmeras possibilidades que a vida oferece e nos colocamos diante de um caminho que, sabemos não ser o melhor, mas, o vislumbremos como único.

Como se já tivéssemos a receita interna de tudo que, possivelmente, nos faria feliz, e persistíssemos errando na contramão da vida. Incidentes nos alertam, circunstâncias nos afastam, atitudes nos retraem, contudo, caminhamos errantes e cegos, incapazes de perceber qualquer sinal que não traduza o nosso desejo.

Dores internas, consciência incomodando, inúmeros avisos e, lá vamos nós, aprendendo sempre pelo caminho mais tortuoso e difícil. Poderia afirmar, pretensiosamente, ser esta a postura de uma excessiva maioria de seres humanos que caminham pela vida em busca de paz, amor, felicidade, realização pessoal e, que sentem e vislumbram todos esses anseios com tanta complexidade que são incapazes de percebê-los quando os encontram.

Vivemos momentos de felicidade, tão efêmeros e passageiros que precisam ser vivenciados intensamente para que a sensação de bem-estar nos ofereça uma paz momentânea que se traduza em fortalecimento.

Somos livres para escolher, opinar, redirecionar e, normalmente optamos pelo complexo, o inatingível. No uso do livre-arbítrio, atropelamos nossos sentimentos e valores e, quando nos damos conta, o caminho pretendido nem era tão bom assim. Agimos deliberadamente conosco, com os outros e procuramos culpados para as nossas loucuras, como se alguém ou algo fosse responsável por nossas atitudes.

Não é fácil “ser humano”, racional, pensante o tempo todo. Nossos instintos, algumas vezes, comandam todos os sentidos e nos percebemos a mercê de nossa vaidade e delírio. Não que tenhamos de ser racional todo o tempo, mas deveríamos ter um maior controle de nossas ações, usando com sabedoria a liberdade de escolha, o livre-arbítrio.

WANDERLÚCIA WELERSON SOTT MEYER


Publicado por Wanderlúcia Welerson Sott em 22/02/2011 às 08h37
 
12/02/2011 18h01
Insensibilidade

 

Insensibilidade

Cortaram minha amoreira e com ela seus troncos grossos e vigorosos que seguravam minhas orquídeas. Não me consultaram... Apenas, cortaram a golpes de machados tão pesados quanto à dor que senti o vê-la amputada, já sem vida. Aproveitava sua sombra todas às manhãs e seus frutos saborosos em tom de vinho, ofereciam-me vida. Sem nenhuma sensibilidade tiraram-lhe a vida e as vidas que à mesma abrigava. Nada me perguntaram, nada perguntariam, há pessoas que vivem pelo que pensam, decidem e não se dão ao trabalho de perguntar a ninguém o que sentem. Se eu soubesse que aconteceria teria argumentado e impedido que destruíssem a árvore generosa que enfeitava meu quintal. Minhas orquídeas, plantadas carinhosamente por essas mãos que escrevem, abrigavam-se a sombra da árvore parcialmente destruída. O pior é sentir que muitas vezes, assim como a amoreira, deixe-me podar sem perceber. Em um tronco agora sem nenhuma vida estão as orquídeas enraizadas e banidas da copa da árvore que as abrigava. Acabaram-se os ninhos, os pássaros que buscavam repouso, as brincadeiras dos meus filhos... Nada pode conter as lágrimas que enquanto escrevo vertem. Sinto-me assim tolhida, podada, aniquilada pela força e dec9isão de alguém, que um dia decidiu que não havia mais lugar para a vida da árvore... ”Ela fazia sombra no campo de futebol!”
Wanderlúcia Welerson Sott Meyer
 

 


Publicado por Wanderlúcia Welerson Sott em 12/02/2011 às 18h01
 
01/01/2011 13h06
Primeiro dia de 2011
                Hoje é dia primeiro de janeiro de 2011. Eu queria poder traduzir o que sinto, mas, embora eu tenha certa facilidade com as palavras, elas não querem se encaixar neste momento. Fiquei aqui, em um silêncio absurdo, depois de ter tomado alguma taças de vinho ontem a noite, coisa pouco comum, não bebo quase nunca, me lembrando, sentindo e procurando sentido para algumas situações que me aconteceram nesses últimos 4 anos e que, literalmente, me viraram do avesso.

Avesso que, por ser oculto e desconhecido, causou-me transtornos, dúvidas e demandas. Dores que nenhum analgésico foi capaz de minimizar. Entre o cansaço e a vontade, ainda preferi continuar. Contudo sigo com uma nítida sensação de que ainda não vislumbrei o caminho, tenho idéias e desejos e, sinto estar seguindo, mas, me percebo meio que desgovernada, sem objetivos claros, sem perspectivas lúcidas e sempre, ou quase sempre, pensando sozinha, falando sozinha e ouvindo o eco de minha própria voz. Enquanto escrevo, não consigo conter as lágrimas! É inevitável! Terei que recomeçar e ainda nem sei como. Terei que continuar sendo forte e, por vezes, nem imagino de onde surge todo impulso que me conduz a trajetória.


Falta-me companhia! Sei que tenho família, amigos... mas, esse ciclo interminável que me conduziu às perdas com as quais, tenho que conviver e combater, deixa-me a nítida impressão que estarei só, como estive enquanto sofria as seis cirurgias que fiz, perdia o contato com mundo externo, afastava-me da profissão que escolhi, perdia a audição do ouvido direito, convivia com as seqüelas de um erro médico, aposentaria depois de 25 anos dedicados a  muito estudo e trabalho, proporcionalmente e, ainda conviveria com o medo, abandono e  incompreensão, de alguém que estando ao meu lado, não percebia a minha necessidade de apoio, de colo, de afeto.


Minha cabeça dói e nem sei se é pelo vinho tomado ou pelo desconsolo de me encontrar em mais um ano e não saber ao certo o que fazer. Bom, isso passa! Como dizem por aí sou forte, tenho Luz própria e sei que, mesmo que demore, vou encontrar o meu caminho, ou os meus caminhos. Se antes, já me considerava um aprendiz da vida, hoje sei que realmente sou. Nada e ninguém pode ser maior que o meu desejo de recomeço!


Publicado por Wanderlúcia Welerson Sott em 01/01/2011 às 13h06
 
17/12/2010 09h22
Devir
                Enquanto o tempo conduz os dias que me parecem intermináveis, clamo por tua alma junto a minha. Foi também o tempo que determinou a despedida.
                Era tarde, tanto de primavera quanto tarde para se amar. Havia a ilusão perdida, feridas que não fechavam e cicatrizes dolorosas... Lembrava o passado, uma fixação, entorpecimento, desdita. Os sonhos, utopias, buscas intermináveis de uma realidade ficcional e inatingível. Por que nos ensinam a sonhar? Por que nos contam histórias onde tudo é para sempre?
                O que é o "sempre"? Por que ser sempre se o que nos pertence é o devir?
         Caso tivéssemos essa consciência, percepção de mudanças contínuas, como estações indefinidas, nos aventuraríamos mais, permitiríamos Ser.

   

Publicado por Wanderlúcia Welerson Sott em 17/12/2010 às 09h22
 
16/12/2010 22h40
ALMA DISPERSA

 Sonhei com a vida... Realidade que tentava esquecer e que, inconscientemente, fora trazida a tona como um filme,  cada passo de uma trajetória de dor que ainda tem feridas enormes abertas e dolorosas. Feridas que só o tempo e o entendimento transformarão em cicatrizes. Se fora escolha para que minha alma fosse lapidada, mostro-me de forma mais harmônica exteriormente, contudo, a alma ainda grita, como se não pudesse legar o passado ao esquecimento. Sonhei e acordei em prantos! Aquele que oculto para que ninguém perceba. Como se sofrer já fosse, por si, considerar-se um contraventor.


Publicado por Wanderlúcia Welerson Sott em 16/12/2010 às 22h40



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Imagem de cabeçalho: Shandi-lee/flickr